quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Um tempo relativo



As horas são armadilhas de quem conta os anos. A matemática do tempo é uma perdição aos que estão de passagem. Há um abismo entre as vidas e sobrevidas. Entre o sopro e a respiração.

Vidas largadas à sorte de uma resistência orgânica sem fundamento. Anos que andam de mãos dadas com o desânimo de percorrer novas rotas. De optar por novos caminhos.

O célebre Padre Antônio Vieira, muito à frente de seu tempo, já constatou a diferença colossal entre viver muitos anos e morrer de muitos anos. A contagem dos minutos é preocupação de quem vive muitos anos, não de quem muitos anos vive.

Viver os anos é estar submisso ao tempo. Escravo de uma rotina frustrante que aponta a um fim previsível. Corriqueiro à maioria. Aceito por ser irremediável. É a vivência triste do início e do fim, sem preocupar-se com  o intervalo dos extremos. Os meios não justificam os fins. Nem os fins justificam os meios. Não há meios.

Há quem seja um amante fiel do tempo. Um relógio ambulante da existência. É a vida de abelhas operárias. É o conformismo perante uma condição imposta por si mesmo. Trata-se da assimilação errônea de uma estagnação imutável.

Viver muitos anos está ao alcance de qualquer indivíduo que saiba cuidar minimamente de sua saúde orgânica. De sua subsistência. As vidas de subsistência são aquelas que não enxergam o voo dos pássaros, tampouco escutam o caminhar das formigas que fazem trilha logo abaixo de nossa existência.

A vivência pelas virtudes triviais é concebida apenas por uma espécie de obrigação em ser. Não houve escolha. Nasceu, tem que sobreviver.

Nossas virtudes não são mais do que vícios disfarçados, e os vícios, grandes virtudes, disse Carlos Nejar. Durante muitos anos viver é uma virtude viciante. Quem é inclinado ao movimento não permite que os anos passem, como um vento torto, pelas horas de seus dias.

É preciso passar pelo tempo e ter propriedade para adiantar ou atrasar o relógio de quando em vez. Saber negar destinos e aceitar peraltices. Viver o desconforto dos dias com a boca desprendida para as surpresas.
O amor às rugas pertence apenas àqueles que sabem o significado de cada uma delas. Que dão sentido aos traços marcados pelo tempo. Justamente marcados pelo tempo.

Quero envelhecer íntima de minhas rugosidades. Lembrar todos os sonhos que ajudaram a formar aquelas expressões. Cada luta despendida será marcada no rosto com a deformação de algo que apenas se formou. Afinal de contas, é preciso que o espírito maduro seja visto no espelho. Que a mudança do tempo seja refletida na carcaça que serviu apenas de proteção para as emoções das sensações.

Cada minuto que se passou deverá, no final, ser recordado com o apego necessário à valorização. Ao amor às experiências embebidas de erros e acertos. De perdas e ganhos. De escuridão e luz.


Assim o final de cada ciclo deve significar. Apenas uma pausa para recapitulações e planos futuros. E se pensamos no futuro, é porque estamos inseridos no passado, não é, Nejar? Passado e futuro. Futuro e passado. Designações para compreensão humana. Apenas facilidades de comunicação. No final das contas, não há nada além do hoje. O tempo é pó. 


THIANE ÁVILA.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Dedilhando a poesia



"No princípio era o verbo",  já disse João. Tudo é filho das ações premeditadas ou não. Todas as vidas formam a prole dos intentos concebidos pelo fazer.

A arte de habitar algum lugar está na busca pelas possibilidades e pela criatividade que supre sua falta. No final das contas,  a existência é uma poesia colossal que exige muito pouco da alma que se move.  Da alma andarilha desse universo inconsequente.

O cerne da falta de  sentido que todos buscam superar está na compreensão do mundo sem conceitos. Desfazer-se das entranhas pretenciosas do existir aproxima toda a criação de sua essência. É o mesmo que tocar nos versos. Amar as sutilezas e as banalidades de uma realidade que, por si só, não possui razão em ser, a não  ser que se aceite a riqueza de todo o vazio  que a ronda.

Carlos Nejar apostou que apenas a junção do elemento mágico no prosaico consegue elevar o poema à potência de sonho. Assim também acontece com a rotina dos dias. Todo o sentido vivenciado cotidianamente pode sobrepujar o enfadonho ciclo que,  involuntariamente, se procura respeitar. O desrespeito das métricas é o que auxilia a contabilização de amores e pequenos prazeres.

O sonho de uma existência faz-se à medida em que o verbo,  à  Manoel de Barros, delira. É quando permitimos a permutação das funções. O aniquilamento delas.  Permitir a inutilidade é despir-se de conceitos e abrir as portas às descobertas.  É sempre possível descobrir o que já foi descoberto,  basta darmos olhos às palavras e aos desconceitos.

Os neologismos da vida são de propriedade de quem conhece demasiadamente a linguagem a ponto de criar a intimidade da invenção. Conseguir inventar a si mesmo.  Atribuir novos sentidos às lembranças.

Há, pois, sempre uma câmara secreta sedenta por ser desvendada na linguagem. A linguagem contém todas as vidas encrustadas em suas paredes.

Inteligentemente, Demócrito já profetizou que a palavra é  a sombra do ato.  Se a palavra é  a sombra do ato,  o coletivo de toda essa conversa resulta na vida e na linguagem como um todo.  Todas as peraltices de uma existência são vislumbradas na respiração das contextualizações mentais que antecedem ações.

O maior desafio para a ciência não  está  na comprovação  das leis da física, mas na existência dos poetas. Toda a vida que sobrevive pela imaginação é imprevisível. A todo o momento, somos capazes de inventar e poetizar. Descobrir e perder. Amar e doer.

O maior prazer de qualquer poeta está no poder insuperável de descobrimento. O amor pela poesia está na contingência do desconserto. É o orgasmo da falta de dados.  A invenção da descoberta.

Se não  há informações,  há,  então,  a sua criação. As estrofes não exigem veracidade. Para ser verossímil,  basta a coincidência com os sentimentos.  Basta o vazio completo com mais vazio.

A criação de um poeta tem sentido à medida em que consegue despadronizar pensamentos. Reinventar vidas. Personificar objetos e sensações.

Fazer das árvores aliadas na levada dos dias. Transformar as andorinhas em velhas companheiras. Montar no vento como quem monta em um cavalo,  à procura e rumo a qualquer lugar.

Mais uma vez,  Nejar soube traduzir o grande poder da poesia, que é o de saber ser o fogo da água e a água do fogo. Nenhuma antítese é  empecilho para as existências. Nenhuma afirmação é  absurda para quem está  aberto às reinvenções.

A crítica e a dificuldade em aceitar a poesia talvez estejam,  então,  no medo do desconhecido.  Todo o versista ama a escuridão. Conhecer os abismos. Criar abismos no conhecido.  Fazer íntimo o desconhecido.

Dedilhar a poesia é,  pois,  querer as imprecisões ressurgentes de qualquer ameaça de verbo.  A potência em ser já é suficiente para o poeta. A falta dela também.


THIANE ÁVILA.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Pra não dizer que eu não falei do Natal



Então é chegado o momento. O momento de distribuir abraços. O momento de ver quem há tempo não se via. O momento de planejar a felicidade para um início que está logo à frente. A uma véspera de distância.

Natal rima com tanta coisa. Final de ano é fase imantada com os planos. Xifópago dos sonhos. Siamês das confabulações.

Vejo o Natal como alguém que procura, nem que seja por alguns instantes, alternar o lugar das sombras. Estrofar tristezas. Poetizar a rotina de uma forma romântica e fugaz. Alguém, ainda, que tem a capacidade de despertar da hibernação sonhos. De fertilidade ímpar para gerar outros tantos.

Os sonhos que nos acorrentam não podem esperar. O nocaute que nos dão pela falta de persistência é um alerta de perigo à sanidade. Uma luz vermelha que pisca quando algo está errado. Quando não priorizamos prioridades. Quando não nos atentamos aos detalhes que, por si só, já seriam suficientes à plenitude de ser.

Sempre desejo ir embora no Natal. Refugiar-me em um lugar distante, onde possa transcender a um plano só meu. Meu e de algo superior. Meu e de mais ninguém. Onde eu possa, talvez, fazer personificar minha consciência. Fazer de meus sonhos uma prosopopeia para que eu possa dar mais valor. Sentí-los no toque. Valorizar como um igual.

O nocaute de uma vida amargurada é a prova de um caminhar contra o tempo. De uma perspectiva sem panorama. De um ser por ser. Um respirar sem sentir o ar percorrer o corpo. Uma vivência nômade dos sentimentos.

Não é possível que os sonhos vivam em nós de aluguel. Que as lutas sejam vãs. Que não busquemos os resultados mesmo nas derrotas. Resultados são o final. A graça de viver é chegar ao final. Não há sentido em existir se não houver motivação de continuar. Ânimo em ser.

Não vale a pena sujarmo-nos fumando apenas um cigarro. Não faz sentido buscarmos as realizações que estão logo ali, à venda em qualquer banca de revistas. Isso qualquer um faz. É o sentar-se e acomodar-se. É o viver sem o ser. É o ser que apenas existe.

Já passou meu carnaval. Não estou esperando o próximo. Percorrer os dias e noites esperando pelos feriados é a maior aflição de qualquer tempo. De qualquer idade ou credo.

Não beijo qualquer esmola de vida para não gastar o meu batom. Eu estou sempre aflita pelas chegadas e pelas voltas. Pelo velho e pelo novo. Pelo novo que ficou velho e pelo velho que voltou a ser novo.

É que eu estou sempre indo embora. Deixando meus cascos e construindo novos. Vivendo os Natais com a mesma emoção de cada amanhecer. Os fins são apenas pretexto para os recomeços. Na verdade, não há final.

O presente que mais anseio e que peço ao bom velhinho é um relógio que possa marcar o tempo que falta para eu esquecer certas coisas. Amar certos erros. A felicidade que compro em bancas de revistas estão acumuladas e envelhecidas em meus armários. Basta a ameaça de qualquer faísca e elas esvaem-se.

No entanto, ainda quero ir embora. Se for para marcar alguma coisa, façamos que o Natal marque as despedidas e os novos encontros. De alguma forma, é preciso sempre deixar-se ir. Despedir-se de algumas partes. Dar boas-vindas a outras.

Natal, então, talvez seja uma grande viagem. O trenó talvez seja uma mensagem sublimar dos adeuses. O Papai Noel talvez não passe de um intermediário das lembranças. O saco enorme que carrega, apenas uma simbologia do peso das bagagens que carregamos sem que tenham rumo.

No momento em que o bom velhinho termina sua jornada, perceba que o saco está vazio. O trenó, mais leve. É, pois, o recomeço. O fim da viagem que se confunde com o seu início.

O Natal talvez seja, então, simplesmente passagem. Uma viagem psicológica necessária e da qual não escapamos, nem que seja em apenas um dia do ano. Imprudentes, adiamos tanto que chega uma hora que nos obrigamos a parar.

Essa é a época certa para irmos embora. Para pararmos de festejar pelos restos que nos são destinados. Pelas sobras de amor. Pelas parcelas de carinho e preocupação.

A passagem que a data marca é um apelo de autovalorização e de amor-próprio. Ir embora da vida que se leva não é deixar tudo, mas saber deixar marcas aos que ficam e rastros que mostrem o caminho de volta, nem que seja para uma visita. Amar cada passo dado, eis o segredo.

Antes de ir embora, desejo que todos esbarremos com nossos sonhos em cada esquina. Que sejamos vítimas da incapacidade de viver pela metade e de aceitar parcelas de vínculos. Que, assim como nossos amores, também saibamos nos doar por inteiro. Sofrer por inteiro. Doer por inteiro. Sorrir e amar por inteiro.


Só quem é inteiro é capaz de negar frações de vida. O Natal deve significar completude de algo. De preferência, que cada pedaço de alma que foi sendo esquecido em ruelas e becos possa se reencontrar e fortificar a existência. Essa viagem toda, então, valerá a pena. Vagando pela vida para permanecer nela. Sendo nômade para criar raízes. Sendo Natal para ser o ano inteiro.


THIANE ÁVILA.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Sem medo de querer voltar


Não é apenas para frente que se anda. Não é apenas para o norte que a bússola aponta. Não é apenas para o futuro que se deve olhar.
A autoajuda que impede o retorno não está baseada na aprendizagem. A sequência de capítulos dos dias é o que permite o crescimento. E o roteiro, veja bem, o roteiro não está encerrado. Um autor ou diretor nunca escreve à caneta suas tramas. Os dias alteram os humores. O clima é, muitas vezes, uma condição para os sorrisos.
Não é apenas para frente que se anda. Viver só faz sentido se tivermos visão periférica, olhos nas costas e, de preferência, nas solas dos pés também. Quem enxerga as peculiaridades do caminho é capaz de mensurar o valor dos detalhes. Assimilar de forma superior as pedras estúpidas que surgem para ferir os pés desacostumados com a lida.
Passos retrógrados são aliados na trajetória. Só anda para frente quem sabe voltar. Só olha a dor de frente quem já experienciou sua companhia e que, portanto, entenderá sua fragilidade.
Não tenho medo de voltar porque já conheço o caminho. Aproveito para refazer os passos e lembrar os erros. Reviver é a possibilidade de acertar o erro. Encestar a bola que foi perdida. Respirar uma sobrevida que ficou para trás.
Sobrevivendo, nós vamos nos refazendo. Amando os desacertos. Dando olá a velhos fantasmas. Voltar é isso. É reconhecer uma sombra e estar disposto a transformá-la em luz. É dispor-se a sair de um esconderijo de corpos putrefatos para o nascer de uma nova alma, leve e cristalina, alva e cândida.
O suor que sequei lá atrás é a prova de que deu trabalho andar para frente, mas que a frente só existe em virtude do que ficou. Não valorizar o passado é não valorizar o agora. Sem remoer as derrotas, é deixar a fácil alcance o botão que rebobina os capítulos, que faz jus aos passos.

É amando as partes que a gente aprende a amar o todo. 

THIANE ÁVILA.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Quero flores sem vida



A lembrança me é mais atraente. A memória do que passou é, para mim, a prova da validade do momento. De acordo com a intensidade do pensamento, está a relevância da experiência.

O prender-se a um nome. O apego a um cheiro. Tudo parte do passado. Tudo engavetado na rememoração. Vidas somadas aos exageros dos devaneios.

Quem lembra sempre inclui ou exclui algo da lembrança. E é isso que a torna ainda mais afável e deleitosa. É o misto do imaginário com o real. É a sensação física na ficção. É a ficção verídica da irrealidade.

A lembrança é a capacidade de unir as intenções com as vivências. No pensamento, somos capazes de terminar uma fala interrompida. Capazes de reproduzir uma ação com outro sentimento.

Reviver é experienciar a tristeza quando se está feliz. É dançar um ritmo ao som de outra música. Recordar é sorrir na derrota e chorar na vitória. Lembrar um amor é amar duplamente. Lembrar um desamor é, talvez, apiedar-se dele. É a condolência de um gesto agressivo praticado por si mesmo. É o arrependimento pelo pouco feito. É a satisfação pelo pouco tempo perdido.

Quero flores sem vida. Quero apenas a lembrança do que um dia elas foram. Tomar-lhes em minhas mãos e sentir a sinestesia da sua juventude com o cheiro exalado hoje. O cheiro de morte. Uma morte viva pela existência irrefutável da lembrança.

Valorizar a memória é o mesmo que sentir prazer na releitura. A releitura de uma mesma história sob diferentes circunstâncias. Sob diferentes formas de si mesmo. Cada dia somos um. Os pensamentos serão sempre uma novidade.

Não há possibilidade em rememorar algo da mesma forma de um segundo para outro. A eternidade da lembrança está subordinada exclusivamente ao instante exato de sua duração.

 Rebobinar momentos é sujeitá-los à constante e inevitável adequação.  Mais que isso, é querê-los mudados. É precisar da mutação para sobreviver. É a transformação que dignifica. A alternância que imortaliza.

Trata-se da valia do mofo, da poeira e do ácaro. Travesseiros pesados pelo volume desnorteante. Lençóis manchados de amor, intocáveis e enrijecidos.

O amor em pequenas parcelas é a sequência de capítulos da novela dos amantes. Cenas esquizofrenicamente sujeitas à repetição. Um acervo impenetrável de um longa-metragem feito sem a pretensão do presente. É o seriado gravado. O romeu e julieta da mente- sempre com nova versão. Sempre com novas personagens.

De preferência, quero os sapatos sujos. Imundos de trajetos percorridos. Enlameados de percalços e cuidadosamente costurados para a proteção a dias de chuva. Sapatos usados na primeira entrevista de emprego e na promoção.

Quero o vinil de minha história. Preciso do LP de minhas desilusões. Careço do berço usado para levar-me aos sonos tranquilos da infância.


Preciso que me lembre de como nos conhecemos, a seu modo. Vou acrescentar a sua sensação à minha. Deixar que outro ponto de vista penetre-a para que, assim, torne-se indubitavelmente particular.


THIANE ÁVILA.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

De copo sempre cheio e coração vazio



O copo é a companhia do desalento.  É a ternura da carência. É a válvula de escape para a mão desprovida de outra para segurar.
Os românticos jamais ficam sozinhos. A necessidade de manifestação do amor e afeto por algo é uma dependência extasiante. Os espaços entre os dedos, quando incompletos, provocam dor de morte. Choro retorcido de quem grita sem emitir som.
O líquido preenche no copo o espaço desocupado no coração. O copo é o coração. É a bengala dos amantes. O copo em uma mesa de bar é a clínica psiquiátrica do ensandecido de paixão. Do dependente do escárnio de uma mendicância de afeto. Um encostar que simula um carinho. Qualquer coisa que possa se aproximar.
Beber para esquecer. Beber para lembrar. O ébrio de amor, quando combina a bebedeira da indiferença com a da bebida, submerge-se ainda mais nas lembranças.
Seres realmente tristes parecem ter apego à tristeza. Não se recorre à roda de samba ou a um bolero na infelicidade. O desafeito de amor não procura se curar alimentando pensamentos positivos. A tristeza, ao contrário disso, é preservada a sete chaves. Passa a ser um membro especioso. É intocável.
Sertanejo de raiz. Tangos. Poemas de casos perdidos. Filmes de drama. Esses são os remédios para o coração vazio. O vazio é o único capaz de completar esse nada que insiste em fazer morada. Nada será tão compatível. Nenhuma autoajuda servirá de apoio. Conselhos são inúteis.
Há apenas a necessidade da reclusão. A única companhia é o copo. O único capaz de escutar calado, de permitir o choro exagerado e barulhento. Aquele que não enxuga as lágrimas, mas ajuda a aumentá-las. Um mendicante de lamentos. Um carniceiro dos descorçoados.
Não há maneira melhor de aumentar a agrura do que com um copo cheio. O líquido que percorre os canais do corpo é absurdamente compatível com as dilatações das artérias e das veias. É feito monóxido de carbono com o sangue. Alimenta cada célula sedenta por algo que a motive a continuidade de suas funções.
Copo cheio e coração vazio. A bebida que simboliza os planos desfeitos. O destino borrado. A cerveja cuja cevada é a marca de uma vida interrompida. Um vinho preservado às custas de promessas inadimplidas.

E enquanto a bebida se esvai, a tristeza vai tomando corpo. Os planos vão sendo novamente ingeridos. De tantos vazios o coração se enche aos poucos. De tantos copos segurados as mãos vão reestabelecendo a sensibilidade de se abrir ao encaixe de outros dedos. O copo estranho é o primeiro contato com o amor desconhecido. 

THIANE ÁVILA.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Amontoado de desfeituras



Um não redondo e imponente às falsas constatações
À falta de sensibilidade
E à negação de anarquia às ilusões
De amores e afetos os passos se vão
A cidade passa pelos rios
E o céu ultrapassa o avião
Não são os dias que passam pela vida
Mas as experiências que fazem morada em suas horas
O relógio não é pontual em sua marca
A alma morta já não revigora
Ninguém passa pela minha vida
Não permito que o vento ultrapasse meus passos
Sou eu quem faço que fiquem em minha memória
Sou eu que passo pela convecção dos rastros
A alternância do porvir é mérito de quem não deixa passar
Ser estático nem sempre é estar parado
O movimento nem sempre sai do lugar
Minha cidade é construção de preguiçoso, é trabalho de vadio
A cama em que durmo não contém meu corpo
Sou eu quem permito que contra a gravidade eu lhe carregue, viril
Escolhas são máquinas motrizes de mera especulação
É preciso ser pronto
Preparado para a mais truculenta subversão
Trocar as ordens
Alterar a marcha
Gosto da permutação das funções
O bagunçar e o estilhar das castas
A mais confusa das promanações
Sirvo ao meu computador
Meu chefe serve a mim
As palavras escrevem minha caneta
Meu teclado é a verdadeira força motriz
O equipamento cerebral não serve ao meu corpo
O alimento não serve ao meu sustento
Minhas sinapses são acasos do destino
Vontade irônica de qualquer contento
A poesia não serve ao homem
É uma invenção do amor por pura pena
O sentimento não cabe no peito
Ele que sente nossas contrações, a alma é efêmera
Sem condições de superioridade
O adjetivo nos utiliza para aparecer
A qualidade não é serventia do homem
Mas é um indumento que ele precisa ter
Pelas inversões o ser humano vive
Um humanocentrismo digno da raça
O mais interessante é ver o contrário
O que não se enxerga analisando as vidraças.

THIANE ÁVILA.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Está errado


Está errado. Se você nunca tentou segurar o vento, está errado. Se nunca tentou voar com as borboletas, errado. Se nunca se sentiu imponentemente invisível, errado.
Se não tentou segurar as horas com os olhos, está errado. Se você nunca ousou gritar com o silêncio, errado. Se nunca sentiu vontade de vanescer os panos, está errado. Se a sua mente nunca lhe acusou o exagero de respostas, errado.
Se você disse mais nãos do que sins, está errado. Se recusou o sabor das auroras, errado. Se você acredita que a vida é o que se vive, está errado. Se você não escuta seus olhos, errado.
Se o impulso nunca teve vez, errado. Se a sua razão não experimentou o delírio dos verbos, está errado. Se você nunca parou para pensar sobre o que não pensar, errado. Se você escutou a voz da incapacidade, está errado.
Se você nunca ousou sentir o gosto de sua janela em congruência com o palato da cor do crepúsculo, errado. Se já experimentou a sensação da felicidade plena, está errado. Se você nunca parou para escutar as lições das nuvens, errado. Se nunca deixou que os insetos servissem de exemplo, errado.
Se a submissão dos pensamentos já o fez de escravo, está errado. Se a doçura da vida nunca o seduziu a ponto de deleitar-se com a morte, errado. Se a rotina dos dias traz paz, está errado. Se a falta de mudança tranquiliza e a estabilidade do emprego apodera, errado.
Se a fuga do seu ser nunca foi uma primazia trivial, está errado. Se a noção de tempo é sempre clara, errado. Se você usa relógio nos finais de semana, errado. Se você se preocupa em combinar as cores, está errado.
Se você concorda que deve haver sempre um motivo para tudo, errado. Se você acha que a vida é um amontoado de posturas a serem respeitadas, está errado.

Se você acredita em tudo que lhe dizem, errado. Se você deixa de fazer o que acha certo porque disseram que é errado, está errado. 

THIANE ÁVILA.

sábado, 15 de novembro de 2014

Samboleria dos dias





Quanta gente some e desarvoramos. Quanta vida começa e recomeça.
Não sei se estou certo de que somente um mentiroso basta. Talvez precise de outro para fazer-me companhia. Tornar meus dias mais verdadeiros, sendo o exagero de mentiras quase uma verdade.

Também não quero mais que um paraíso. Isso, mesmo que pareça, é só o que eu preciso. Além dele está o amor possível. Uma conspiração universal. Cheio de verdades mentirosas, contratos feitos com o tempo e desfeitos com o nada.
Sinais de uma chama de fogo. Uma negação da solidão. Uma releitura da coragem. Brasa vista pela quimera de um encantado de mina. De um ouro indicador de recomeço.

A tua poesia é uma tela de cinema. Uma garganta por onde passa todas as canções e de onde nenhuma volta. Tudo que é bom, depois que foi, não volta. O mundo dá asas aos talentos e eles viram do mundo.
A tua criação é tão tua que chega a ser do mundo. Um presente para nós, meros mortais. Uma samboleria dos dias ensandecidos. Normais de loucura. Bêbedos de Villeroy.

Que honra a arte da tua composição adentrar os meus ouvidos. A alumiação estridente do silêncio ensurdecedor das tuas criações reflete uma sinestesia que só a tua alma é capaz de transpassar pela música e pela voz.
Uma samboleria de talentos. 

Uma homenagem ao talentoso Antonio Villeroy!

THIANE ÁVILA.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Não sei entender

Eu não entendo as forças que regem essa realidade
Definitivamente, não fui planejada para compreender as perdas
Não sei porque colocam a gente aqui
Não sei nem se vida é o que nos norteia
Já estudei tantas coisas
Biologias para todo o gosto
Mas nenhum conceito foi assaz para tirar-me essa agonia
Essa falta de ledice por esse caminho oneroso
Um dia é vida e o outro é morte
Um dia é jovialidade e o outro é velhice
Um dia é saúde e o outro é intumescência morbífica
Que brincadeira de mal gosto essa montanha-russa vitalícia
Não quero mais brincar
Por que não posso escolher estar em outro brinquedo?
Queria muito conhecer quem teve a ideia de criar esse balouço
Essa inevitabilidade do encesto
Exijo a criação de um documento
Um ato constitucional nem que seja militarizado
Quero uma garantia mínima de sobrevivência que não permita o estiolamento apressado
Quero em suas cláusulas a garantia da juventude
De viver todas as sinergias de alacridades que existam
Se a montanha-russa é intransponível
Quero que, para entrar na brincadeira, haja um tempo mínimo
Se me forem garantidas essas exigências, abro mão da tal democracia
Que voltem os moribundos maquinários
Mas que tragam consigo essa desenfastia
Exijo também a aniquilação do cancro humano
Menos sofrimento às saídas
Quero que sejamos, por educação, avisados
Preparados para cada parada, sempre tardia
E exijo, como última cláusula, o direito de visita
A disponibilidade dos outros brinquedos
Para jubilar de quando em vez velhas companhias.

THIANE ÁVILA.

sábado, 25 de outubro de 2014

Não existe recuperação


Não existe recuperação. Não como as pessoas acham existir. Não com o sentido que dão à palavra.
É puro mito a crença de que as pessoas refazem-se após situações lôbregas, superam os percalços de modo a seguir adiante sem danos, sem perdas ou estragos. O ser humano não tem essa capacidade. Todos são como uma onda. Transgredem de uma forma e regressam de outra, trazendo dessa trajetória uma carga residual sem precedentes.
Há uma grande aspiração por essa quimera de recuperação total. De um porvir de passos sem rastros. Da borracha passada no passado. Lamento, mas isso não existe.
Não confundamos recuperação com regeneração. Regenerar-se sim é começar do zero. É desfazer-se de componentes passados e produzir outros, do nada.
Recuperação não. Recuperação é um remendo. É uma costura bem ou mal feita. É o colocar de um tecido de outra cor e textura na falta de um igual ao original. É estar mais preocupado em não deixar rasgado para não aumentar o estrago.
Gosto de histórias manchadas, de livros rasgados e envelhecidos pelo tempo. Coisas assim têm mais valor, mais longevidade. Se as páginas de um livro não estão marcadas ou dobradas é porque a história não prendeu. Pode até ter sido lida, mas não valeu a pena a releitura.

Eu quero ser relida inúmeras vezes. Quero calças remendadas. Quero cicatrizes em todo o corpo. Quero cicatrizes profundas na alma. 

THIANE ÁVILA.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Maldita pressa


Minha vó sempre dizia que quanto menos idade se tem, mais a pressa assola. E é a mais pura verdade. Mal começa o dia e você já quer todos os resultados, todas as suas conquistas.
É que esperar é chato. Esperar não dá garantia de nada. Sou ariana e quero tudo pra ontem. Mal escrevi um poema e quero que ele já tenha muitos leitores. Só que as coisas não funcionam assim. A vida é um amontoado de méritos. Ou você conquista através deles, ou simplesmente não conquista. A dinâmica é simples.
O difícil é encontrar as melhores formas de mostrar o verdadeiro préstimo do que se faz. Não dá para saber se os seus feitos vão ter igual valia para os outros. É bem provável que não.
As palavras podem ter um valor incomensurável a quem escreve e valor nenhum a quem lê. Eis a maior frustração do escritor. Por mais que o escopo da escrita deva ser trabalhado na direção de uma realização silenciosa e pessoal, é tão bom quando se consegue transpor essas barreiras e ser útil para outros.
Voltemos à pressa. Eu tenho pressa. Todos têm pressa. O que nos faz acordar de manhã, aliás, é a pressa. Em maior ou menor grau, ela sempre se faz presente (e deve-se fazer).
Se não houvesse pressa, as coisas não existiriam. Se o comodismo fosse a bola da vez, ainda estaríamos vivemos no neolítico. O aperfeiçoamento de tudo é oriundo da pressa de quem o sacou. É cíclico. A pressa é cíclica. Se você não a tem, há milhares a sua volta que compensarão a sua falta.
A pressa é, certas vezes, maldosa. Não deixa-nos jubilar com maior tranquilidade os resultados de uma pressa precedente. Afinal de contas, novas pressas devem dar lugar às antigas.
E se a pressa não for suficiente? Às vezes ela não é. Mais que ter pressa, é preciso conhecer pessoas que compartilhem do mesmo conteúdo que a move. Só assim é possível colher resultados.
Quem pouca pressa tem é porque já não precisa mais. E esse é um ponto muito importante: existe um montante de pressas necessárias a uma vida. Talvez isso gere algum conforto para os que ainda não atingiram essa quantidade. Quando se conseguiu bons resultados com pressas passadas, os resultados das futuras tornam-se mais fáceis de serem assestados.

Maldita ou bendita, não adianta: tenha pressa. Só lembre-se de dosá-la. Pressa demais faz com que as coisas não sejam bem feitas. A pressa de ser feliz é aquela que já traz consigo o doseamento certo. É como um GPS com todos os mapas baixados, de todas as rotas possíveis. Quando se sabe o caminho, a pressa torna-se aliada.

THIANE ÁVILA.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Quem sabe a chuva trará


Em noites como a de hoje, percebo o quão incapazes somos de evitar algumas coisas na vida
São inexequíveis as ações que despendemos em certos ofícios
A chuva que cai lá fora, trazendo-me alegria ou tristeza, continuará caindo sem me consultar a vontade
As vidas que são levadas para longe de mim não me pedem anuência para partir
Sou completamente inútil nas decisões que abrangem o que me rodeia
Tantas vezes achei que estava no controle de minhas decisões quando, na verdade, elas foram acontecendo por uma lei natural que as levaram àqueles intentos
Não pensemos, contudo, que trata-se de destino
Na verdade, destino não passa de pretexto para a inércia
Mas eu gosto da inércia. Aliás, acho que vivo nela
Todos vivemos na inércia, mas há aqueles que não alijam a sinergia das consequências dela
Embora assim pensada, a inércia não é ruim
Fugir dela, aliás, é impossível
Há outra coisa a fazer senão esperar que a chuva passe?
Há outra coisa a fazer senão aceitar a morte?
Antes de aceitar a morte, contudo, é necessário que aceitemos todas as facetas que nos pertencem
A inércia mais necessária, mas pouco praticada, é essa: a roboração de nosso ser
Aqui, no entanto, não se trata da estagnação diante das derrotas
Diferente disso, refiro-me à capacidade de descobrirmos, em nós mesmos, todas as antíteses que carregamos e fazermos delas a desarmonia mais consonante possível
O grande problema disso tudo é querer escolher por uma coisa ou outra
Não acho que devamos escolher somente uma de nossas personagens quando podemos ser todas elas
Há tantos orgasmos que podemos experimentar com cada uma
Ao final de tudo, não dizem que morremos sem levar nada?
Pois que levemos a imagem de sermos muitos em um só, extremamente adaptáveis às incertezas e às limitações que nos são impostas a todo o momento
Afinal de contas, que vivamos numa inércia que valha a pena
Como sugeriu Manoel de Barros, que possamos nos conhecer experimentando ações que descrevam o nosso inverso
Só assim passaremos a olhar a chuva com jubilidade e a morte com olhos de quem sabe que tudo não passa de uma inevitável inércia a que todos, desde sua promanação, foram inevitavelmente submetidos
Além do mais, a chuva é só mais uma forma de expressar uma noite outrora enluarada
Ela é apenas uma das tantas personagens possíveis de sua própria inércia



THIANE ÁVILA.

domingo, 12 de outubro de 2014

Desabafo de uma estudante de engenharia num caso extraconjugal com as letras


                Quero simplesmente “letrar”. Submergir no mundo das palavras. Derivar não as funções matemáticas, mas o pensamento de meus autores em reflexões diretas de minha vivência diária e de minha situação enquanto ser pensante e agente do mundo. Quero integrar não como uma forma inversa de derivar, mas integrar as minhas noções e suposições modestas ao grande corpo de pensamentos da atualidade. Quero gerar assíntotas verticais que, ao invés de serem expressas em um plano cartesiano, ilustrem, na metáfora dos meus dias, os meus sonhos mais extravagantes. Quero que a ciência do meu ambiente planeje a sustentabilidade dos meus dias. Quero que a velocidade angular de minha trajetória seja não somente a razão de meu deslocamento e do tempo de que necessitei para realizá-lo, mas a consonância e a agregação de pessoas ao meu redor (e, desculpem os simpatizantes, não quero tantos números). Quero que o esboço de meu desenho técnico seja o mais imperfeito possível, pois quem se importa em delimitar linhas de uma vida sem limites? Escalas? Não quero escalas. Escalas são sinônimos de padrões e, definitivamente, eu não nasci para viver nos padrões. Não quero aprender que, através de uma reta, eu posso descobrir equações paramétricas, reduzidas, vetoriais ou gerais, mas sim que de reta a vida não tem nada. Aliás, eu sou talvez o oposto do que me vejam. Ou, quem sabe, como disse Manoel de Barros, “tem mais presença em mim o que me falta”. 
            E, pra finalizar, sabe do que eu tenho medo? Eu tenho medo de que, lá no final de tudo, eu olhe para trás com dor no peito por não ter arriscado mais. É clichê a fala que sugere a não desistência, a perseverança nos sonhos, mas é a autoajuda mais verdadeira de que tenho conhecimento. Embora não seja de unânime concordância, é de adesão da grande maioria o seguimento da vida com o levar de apenas coisas doces (na medida do possível e quando se tem escolha). Contudo, me vejo em uma situação bastante delicada desde que ouvi de um grande empresário brasileiro, no jornal local de minha região, que o jovem deve optar, primeiro, por aquilo que dá dinheiro. Ele, por exemplo, tornou-se, primeiro, um grande empresário para, depois, escrever e publicar uma dezena de livros que lhe traziam prazer ao escrever. Agora: será que aquele que faz engenharia está fadado à riqueza? Não sei. A mesma linha de pensamento carrego no que tange à minha amada Letras: estarão fadados todos os seus simpatizantes e estudiosos a uma condição sempre aquém de um indivíduo das exatas? Acho injusto. Acho injusta essa delegação de importâncias do mundo contemporâneo. Bando de matemáticos esses que organizaram o sistema social em que se vive. Afinal de contas, sou muito mais uma matemática em busca do plano perfeito (com todas as suas dimensões e possibilidades vetoriais distintas) que me levem, com o máximo de precisão e mínimo erro relativo, ao encontro de minhas amadas letras que, apesar de contáveis, seus números não representam a matemática, mas sim a poesia de possuírem uma sequência que número algum jamais terá a capacidade de expressar.



THIANE ÁVILA.

Um chute no escuro



Olá, pessoal!

Bem, a criação do blog "Ensaio de Letras" foi uma iniciativa minha de encontrar um meio pelo qual eu possa extravasar um pouco minhas ideias e, de alguma forma, compartilhar com mais pessoas, e não só meus amigos ou familiares, textos e artigos de minha autoria. Sou uma gaúcha, até segunda ordem estudante de engenharia, e amante dos livros da forma mais intensa possível.

O Ensaio de Letras terá como finalidade a publicação de textos de temas variados, mas que terá como âmago a nossa prezada literatura brasileira, seja através da criação de postagens de assuntos já na mídia ou, aproximando-se mais da poesia, a coisas que recorram a reflexões e pensamentos de figuras célebres do nosso acervo cultural (ou mesmo minhas). Não há, contudo, a pretensão de haver excepcional maestria ou rara originalidade em tudo o que será escrito, mas será feito grande esforço para que esse fim seja atingido.

Em suma, o blog foi criado especialmente aos amantes de leitura e àqueles que gostam de apostar em estilos novos. Tenho séria convicção de que a internet, atualmente, é um excelente meio de transmissão de pensamentos e permite que exercitemos com total liberdade nosso direito de escolha. Com relação a isso, portanto, é válido ressaltar que não tenho a ilusão de que agradarei sempre a todos com minhas palavras, tampouco com minha forma de escrever, todavia, a intenção é puramente incitar, de forma ascendente, o gosto pela leitura e o desejo de que o conhecimento de nossa literatura seja cada vez mais incorporado em nossas ações corriqueiras.

O leitor perceberá, no decorrer de minhas postagens, grande inclinação a alguns nomes literários de peso. Tenho, como qualquer simpatizante de qualquer tipo de leitura, minhas preferências e, por isso, volta e meia acabarei citando referências de autores que marcaram e marcam de forma intensa minha vida enquanto leitora. Os nomes, no entanto, não vão ser discriminados, pois cada e todo autor possui sua contribuição no universo literário que nosso país construiu desde que começamos a escrever por aqui.

Espero que gostem das minhas postagens e se identifiquem com elas, já que a satisfação de todo aquele que escreve está em ser útil, de alguma forma, às pessoas que o leem. Fiquem à vontade para comentar e curtir o blog. Ficarei sempre muito feliz com as críticas de toda a origem àquilo que escrevo, desde que sejam sempre construtivas.

Grande abraço a todos e boa leitura!

THIANE ÁVILA.