quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Amontoado de desfeituras



Um não redondo e imponente às falsas constatações
À falta de sensibilidade
E à negação de anarquia às ilusões
De amores e afetos os passos se vão
A cidade passa pelos rios
E o céu ultrapassa o avião
Não são os dias que passam pela vida
Mas as experiências que fazem morada em suas horas
O relógio não é pontual em sua marca
A alma morta já não revigora
Ninguém passa pela minha vida
Não permito que o vento ultrapasse meus passos
Sou eu quem faço que fiquem em minha memória
Sou eu que passo pela convecção dos rastros
A alternância do porvir é mérito de quem não deixa passar
Ser estático nem sempre é estar parado
O movimento nem sempre sai do lugar
Minha cidade é construção de preguiçoso, é trabalho de vadio
A cama em que durmo não contém meu corpo
Sou eu quem permito que contra a gravidade eu lhe carregue, viril
Escolhas são máquinas motrizes de mera especulação
É preciso ser pronto
Preparado para a mais truculenta subversão
Trocar as ordens
Alterar a marcha
Gosto da permutação das funções
O bagunçar e o estilhar das castas
A mais confusa das promanações
Sirvo ao meu computador
Meu chefe serve a mim
As palavras escrevem minha caneta
Meu teclado é a verdadeira força motriz
O equipamento cerebral não serve ao meu corpo
O alimento não serve ao meu sustento
Minhas sinapses são acasos do destino
Vontade irônica de qualquer contento
A poesia não serve ao homem
É uma invenção do amor por pura pena
O sentimento não cabe no peito
Ele que sente nossas contrações, a alma é efêmera
Sem condições de superioridade
O adjetivo nos utiliza para aparecer
A qualidade não é serventia do homem
Mas é um indumento que ele precisa ter
Pelas inversões o ser humano vive
Um humanocentrismo digno da raça
O mais interessante é ver o contrário
O que não se enxerga analisando as vidraças.

THIANE ÁVILA.

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