quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Não sei entender

Eu não entendo as forças que regem essa realidade
Definitivamente, não fui planejada para compreender as perdas
Não sei porque colocam a gente aqui
Não sei nem se vida é o que nos norteia
Já estudei tantas coisas
Biologias para todo o gosto
Mas nenhum conceito foi assaz para tirar-me essa agonia
Essa falta de ledice por esse caminho oneroso
Um dia é vida e o outro é morte
Um dia é jovialidade e o outro é velhice
Um dia é saúde e o outro é intumescência morbífica
Que brincadeira de mal gosto essa montanha-russa vitalícia
Não quero mais brincar
Por que não posso escolher estar em outro brinquedo?
Queria muito conhecer quem teve a ideia de criar esse balouço
Essa inevitabilidade do encesto
Exijo a criação de um documento
Um ato constitucional nem que seja militarizado
Quero uma garantia mínima de sobrevivência que não permita o estiolamento apressado
Quero em suas cláusulas a garantia da juventude
De viver todas as sinergias de alacridades que existam
Se a montanha-russa é intransponível
Quero que, para entrar na brincadeira, haja um tempo mínimo
Se me forem garantidas essas exigências, abro mão da tal democracia
Que voltem os moribundos maquinários
Mas que tragam consigo essa desenfastia
Exijo também a aniquilação do cancro humano
Menos sofrimento às saídas
Quero que sejamos, por educação, avisados
Preparados para cada parada, sempre tardia
E exijo, como última cláusula, o direito de visita
A disponibilidade dos outros brinquedos
Para jubilar de quando em vez velhas companhias.

THIANE ÁVILA.

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