segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Maldita pressa


Minha vó sempre dizia que quanto menos idade se tem, mais a pressa assola. E é a mais pura verdade. Mal começa o dia e você já quer todos os resultados, todas as suas conquistas.
É que esperar é chato. Esperar não dá garantia de nada. Sou ariana e quero tudo pra ontem. Mal escrevi um poema e quero que ele já tenha muitos leitores. Só que as coisas não funcionam assim. A vida é um amontoado de méritos. Ou você conquista através deles, ou simplesmente não conquista. A dinâmica é simples.
O difícil é encontrar as melhores formas de mostrar o verdadeiro préstimo do que se faz. Não dá para saber se os seus feitos vão ter igual valia para os outros. É bem provável que não.
As palavras podem ter um valor incomensurável a quem escreve e valor nenhum a quem lê. Eis a maior frustração do escritor. Por mais que o escopo da escrita deva ser trabalhado na direção de uma realização silenciosa e pessoal, é tão bom quando se consegue transpor essas barreiras e ser útil para outros.
Voltemos à pressa. Eu tenho pressa. Todos têm pressa. O que nos faz acordar de manhã, aliás, é a pressa. Em maior ou menor grau, ela sempre se faz presente (e deve-se fazer).
Se não houvesse pressa, as coisas não existiriam. Se o comodismo fosse a bola da vez, ainda estaríamos vivemos no neolítico. O aperfeiçoamento de tudo é oriundo da pressa de quem o sacou. É cíclico. A pressa é cíclica. Se você não a tem, há milhares a sua volta que compensarão a sua falta.
A pressa é, certas vezes, maldosa. Não deixa-nos jubilar com maior tranquilidade os resultados de uma pressa precedente. Afinal de contas, novas pressas devem dar lugar às antigas.
E se a pressa não for suficiente? Às vezes ela não é. Mais que ter pressa, é preciso conhecer pessoas que compartilhem do mesmo conteúdo que a move. Só assim é possível colher resultados.
Quem pouca pressa tem é porque já não precisa mais. E esse é um ponto muito importante: existe um montante de pressas necessárias a uma vida. Talvez isso gere algum conforto para os que ainda não atingiram essa quantidade. Quando se conseguiu bons resultados com pressas passadas, os resultados das futuras tornam-se mais fáceis de serem assestados.

Maldita ou bendita, não adianta: tenha pressa. Só lembre-se de dosá-la. Pressa demais faz com que as coisas não sejam bem feitas. A pressa de ser feliz é aquela que já traz consigo o doseamento certo. É como um GPS com todos os mapas baixados, de todas as rotas possíveis. Quando se sabe o caminho, a pressa torna-se aliada.

THIANE ÁVILA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário